sábado, 26 de maio de 2007

Contrastes do noticiário

( publicado originalmente no Diário de Santa Maria)

Começa um frio rigoroso aqui no sul e vejo no noticiário: turistas que vêm de São Paulo e de outras regiões ao norte pagam para sentir frio. Enquanto isso, em Porto Alegre, no total contraste, alguns homens que só queriam sentir calor, mas não têm dinheiro algum para isso e passam frio, muito frio, nas ruas que não lhes dão abrigo. É nesses momentos que me sinto triste por vivermos num mundo que desmorona, sobretudo no sentido ético do "ser humano". Estamos tão preocupados com nossa vida de moldes médios, de irmos à praia no verão, à serra no inverno, ou mesmo de ficarmos confortáveis em nossas salas e quartos, com lareiras, estufas ou condicionadores de ar, que esquecemos que existe um mundo inteiro lá fora. Lá fora estão os indigentes, as crianças sem lar, os ladrões e assaltantes. Está o lixo acumulado e todos os problemas que corroem a vida do planeta. Mas estamos satisfeitos em trocarmos de carro, comprarmos um novo apartamento, em tomarmos chocolate quente, em termos nossas camas confortáveis e espessos cobertores que esquecemos de tudo e de todos. É capaz de nem percebermos que ao lado há alguém passando frio, ou mesmo podemos perceber mas ficarmos insensíveis e pensar que não é problema nosso. Pensamos, normalmente, que já fizemos o suficiente. Alguém pensa "dou umas moedinhas para as crianças que me pedem", "uma vez dei um cobertor para um indigente", "outra vez até doei alimentos". Outros pensam: "Pago impostos e voto!". Eu sempre penso nisso, "eu voto". Quando era mais jovem, tinha orgulho disso. Hoje, sinto-me cada dia pior. Por que eu voto, mas não tem adiantado nada. No noticiário, fiquei consternado ao ver os moradores de rua que passam frio na Capital, mas logo depois ouvi falar numa tal de construtora, em um tal de ministro, em um bando de políticos e um monte de corrupção e desvio do dinheiro público. Talvez essa tal Gautama até tenha ganhado alguma licitação para criar um albergue para abrigar os indigentes do frio. E eles ainda estão passando frio, assim como muitos passam fome, precisam de remédios, e eu passo vergonha! Vergonha por me sentir parte disso, mesmo que de forma indireta. Enquanto uns roubam deslavadamente, uns assistem tudo indiferentemente e outros ficam tristes mas não abrem mão de seu "way of life", alguns passam frio e não sabem de nada, pois são deixados à margem como se nem humanos fossem. Mas, afinal, nos dias em que vivemos, com o mundo acabando e a sociedade desmoronando, fica a pergunta: o que é "ser" humano?



ÉDERSON DA ROSA*/ Professor de História
(publicado no jornal Diário de Santa Maria deste final de semana)
(*) pra quem não sabe esse é meu nome. Bussunda é apenas apelido

quarta-feira, 2 de maio de 2007

FILMES ANTIGOS

Bah, me deu insônia. Já faz muito tempo que eu tinha visto “A profecia” (1976) e tinha esquecido do roteiro, da história, de tudo. Esses dias eu vi de novo e não conseguia pregar o olho.
Como o filme acabou e não consiguia dormir comecei a pensar em filmes de terror/horror que valem a pena, que você se assusta, fica na expectativa e essas coisas. Me veio a memória alguns clássicos como “O iluminado” (1980), “O bebe de Rosemary” (1968) e “O exorcista” (1973).
Na verdade pensei nesses filmes e acho que dificilmente um filme lançado nos últimos dez ou quinze anos possa vencer eles no quesito “assustador” (exceção feita aos Jogos Mortais, entre poucos).
Talvez até seja questão de nostalgia, de linguagem de época, da trilha sonora, não sei, mas o fato é que os filmes de agora não conseguem me atrair tanto como esses clássicos.
O mistério de “O bebê de Rosemary”, o suspense total de “O iluminado” (e os dedos de Kubrick no filme), o terror horripilante de “O exorcista” e a agonia causada por “A profecia” mesmo que várias décadas depois parecem ser difíceis de serem alcançados.
Talvez até seja por uma questão de pensar que à algum tempo tínhamos mais dinheiro, éramos mais felizes, os políticos eram mais honestos, etc; eu pense que os filmes eram melhores e que o pessoal da indústria cinematográfica caprichava mais, talvez seja até bobagem, mas recomendo a todos que assistam então estes filmes
- A Profecia (1976) – foi feito um remake em 2006, também de boa qualidade
- O Bebê de Rosemary (1968)
- O Iluminado (1980) e
- O Exorcista (1973)
Filmes velhos, bons e com diversão garantida; bons de serem assistidos com um monte de pipoca do lado, com os amigos e com a luz apagada.

P.S.: nesse próximo findi, prometo, já que no feriadão não postei nada, mais materiais de estudo pra História (apostilas, exercícios ou algo assim)